Ninguém pode furtar-se ao menor dos compromissos. O compromisso, por menor que seja, é algo quase sagrado. Ante o compromisso, pessoa alguma pode sentir--se escusada. A pedra de cada um é indispensável à construção do edifício. A colaboração individual é necessária à vitória e ao triunfo da comunidade em que vivemos. O resto é descaminho, é desacordo,é descompasso.
Permita-se refletir: por acaso, recusassem os pés a serem pés, bem assim os olhos e os ouvidos, da mesma sorte o gosto e o olfato... Que seria do ser humano, a caminho?
Então veja:
Conta-se que existia pequeno vilarejo, nos Alpes italianos, todo dedicado ao cultivo de uvas p/ a produção de vinho. Para comemorar o sucesso da colheita, ocorreria, anualmente, fascinante festividade.
Exigia a tradição que, por ocasião dos festejos, trouxesse cada morador uma garrafa de seu melhor vinho para encher o imenso barril colocado na praça central. Pensou então, um dos moradores: "Porque deverei eu levar uma garrafa do meu melhor vinho? Levarei uma de água, uma vez que no meio de tanto vinho o meu não fará falta". Assim pensou, do mesmo modo e o fez.
No auge das comemorações, c/ era de costume, todos se reuniram na praça, cada um com sua vasilha p/ sorver uma porção do precioso vinho, cuja fama se estendia além das fronteiras da região e do próprio país.
Qual não foi a surpresa ao se abrir a torneira do imenso barril:
dele saiu apenas àgua.
O silêncio tomou conta da multidão, deixando desolados os promotores da festa.
É q/ todos pensaram como aquele morador: a ausencia de seu vinho não fará falta; vou colocar água.
Podemos ser levados a pensar: há tantas pessoas neste mundo q/, se eu não fizer a minha parte, tudo vai correr bem. Que poderá acontecer com nossa sociedade, se todos se escusarem, se todos pensarem em não fazer a parte q/ lhe é devida?
Melhor-se a sociedade não fazendo o que se quer, senão o que se deve, sem recusa, nem escura.
(Dom Fernando Rodrigues/ "Pequenas histórias grandes lições)
